Sudão Rejeita Trégua de Curto Prazo e Exige Responsabilização da Milícia Acusada de Genocídio
Sudão Rejeita Trégua de Curto Prazo e Exige Responsabilização da Milícia Acusada de Genocídio
O Governo do Sudão reafirmou, esta quinta-feira, que a recusa da trégua proposta pelo Quarteto não representa uma escalada militar, mas sim uma posição juridicamente fundamentada no direito internacional, que reconhece a legitimidade dos Estados em defender o seu território e repelir agressões externas.
Segundo as autoridades sudanesas, o país enfrenta uma ofensiva ampla que visa desestabilizar o Estado, explorar os seus recursos naturais e fragilizar o seu povo. No centro desta alegada ofensiva está a milícia Rapid Support Forces (RSF), acusada de operar com armamento pesado e mercenários fornecidos pelos Emirados Árabes Unidos. Para Cartum, a defesa da soberania e da população é um dever constitucional das Forças Armadas Sudanesas.
O governo esclarece ainda que a RSF, anteriormente integrada sob comando militar, protagonizou uma rebelião em 14 de Abril de 2025, passando a ser tratada como uma força armada ilegal à luz da legislação nacional e internacional.
Apesar das acusações de boicote às negociações, Cartum sublinha que tem participado activamente nos diálogos internacionais, incluindo as recentes conversações em Washington, onde esteve representado pelo ministro das Relações Exteriores.
A principal crítica dirigida ao Quarteto é a insistência em manter os Emirados Árabes Unidos como mediadores — país apontado pelo Sudão como financiador directo do conflito — e a tentativa de reintegrar a RSF no processo político, ignorando, segundo o governo, “o sangue de dezenas de milhares de civis sudaneses”.
As autoridades sudanesas reforçam que os crimes atribuídos à milícia — que incluem genocídio, limpeza étnica e outras violações graves — são de tal magnitude que tornam impossível qualquer participação da RSF no futuro político do país.
Paralelamente, cresce no cenário internacional o apelo para que a milícia seja classificada como organização terrorista, enquanto Cartum acusa alguns actores externos de tentarem conceder à RSF, por vias políticas, aquilo que esta não conseguiu obter militarmente.
Durante quase 600 dias de conflito, a comunidade internacional tem sido criticada pelo seu “silêncio tumular”, especialmente perante o cerco de El Fasher. Enquanto o governo sudanês aceitou o pedido do Secretário-Geral da ONU para uma trégua humanitária de sete dias, a milícia rejeitou a proposta e continuou, segundo denúncias, a violar leis humanitárias e resoluções internacionais.
Ataques indiscriminados, bombardeamentos contra civis e episódios de fome forçada culminaram recentemente na invasão da cidade, onde novas atrocidades foram registadas, documentadas por imagens de satélite e pelas próprias câmaras da milícia.
O Sudão reafirma que não aceitará qualquer iniciativa que procure limpar a imagem da RSF ou lhe conceder espaço político após o conflito, defendendo que tal violaria a vontade da maioria esmagadora do povo sudanês.
BL NEWS – Notícia em Tempo Real continua a acompanhar todos os desenvolvimentos sobre a crise no Sudão.

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